Apuração da PF no caso Marielle vê suspeita desvio de emendas parlamentares de grupo ligado aos irmãos Brazão
23/05/2024
Polícia Federal quer a abertura de um novo inquérito. Buscas em celular de assessor do TCE descobriram que verbas destinadas para programas sociais por deputados federais foram parar em conta de filha de Peixe, assistente de Domingos Brazão. g1 entrou em contato com os citados e aguarda resposta. Deputado Chiquinho Brazão, preso, fala em sessão do Conselho de Ética da Câmara
TV Câmara/Reprodução
As investigações da morte da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes levaram a Polícia Federal a descobrir um possível esquema de destinação de emendas parlamentares de deputados federais ao estado do Rio de Janeiro.
A análise dos aparelhos apreendidos nas buscas e apreensões apontou, segundo a PF, atividades ilícitas ligadas ao grupo dos irmãos Brazão, e a PF quer a abertura de um novo inquérito.
As suspeitas sobre o destino das emendas parlamentares surgiram a partir da análise de policiais federais em mensagens do celular de Robson Calixto Fonseca, o Peixe, PM reformado e assessor de Domingos Brazão, no Tribunal de Contas do Estado (TCE).
De acordo com a análise, o dinheiro das emendas parlamentares – dinheiro do orçamento distribuído entre os deputados para atividades de interesse público – definidas pelos deputados federais Chiquinho Brazão (União Brasil) e Pedro Augusto (Progressistas) iam para uma ONG específica, a Contato.
A Contato foi uma das envolvidas nos escândalos da Fundação Centro Estadual de Estatísticas, Pesquisas e Formação de Servidores Públicos do Rio de Janeiro (Ceperj).
Segundo a investigação – que pode levar à cassação do governador Cláudio Castro – foi montado um esquema de contratação de funcionários fantasmas para proveito eleitoral de castro e do presidente da Alerj, Rodrigo Bacellar – também réu no Tribunal Regional Eleitoral.
Indicação de Eduardo Cunha
A organização não-governamental foi indicada, segundo relatório da PF, a Peixe por Eduardo Cunha, ex-presidente da Câmara dos Deputados.
Ao chegar na conta bancária da ONG, de acordo com a investigação, o dinheiro era repassado para a conta da filha de Peixe, Maria Clara Fonseca.
A PF não apurou se, após chegar à conta de Peixe, os valores eram repassados a outras pessoas.
A Polícia Federal pediu ao Supremo Tribunal Federal a autorização para investigar o caso. Como envolve deputados federais, a PF não pode apurar sem que o STF autorize
O aparelho de Peixe foi apreendido na operação Murder Inc, que, em 24 de março, prendeu o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado Domingos Brazão; seu irmão, o deputado federal Chiquinho Brazão; e o delegado e ex-chefe da Polícia Civil do RJ Rivaldo Barbosa.
As conversas sobre a destinação das emendas parlamentares no celular do Peixe envolve os meses de setembro a dezembro de 2023, além de fevereiro de 2024.
Em um dos casos, em outubro de 2023, uma assessora do deputado Pedro Augusto informa a Peixe que o parlamentar gostaria de destinar verbas para a universidade UniRio e Peixe informa que "não pode ir para lá".
Logo depois, o assessor do TCE diz que pode ir para a saúde em Belford Roxo e Nilópolis. Logo depois, a assessora do deputado Pedro Augusto manda a Peixe uma tabela com o título: "nossos valores". O valor das emendas: R$ 9,1 milhões.
O que dizem os citados
A reportagem procura pela defesa de Robson Calixto, o Peixe. Ainda não localizou a defesa dos irmãos Domingos e Chiquinho Brazão.
Também procura por Eduardo Cunha, pelo deputado federal Pedro Augusto e pela ONG Contato.
Robson Calixto, o Peixe, assessor de Domingos Brazão
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